Sobre Nós

Por: Janio Araujo

    A “Escola Municipal Rural Pólo Monte Azul”, localiza-se no Assentamento Taquaral no município de Corumbá, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Foi fundada em 1990, para atender às 304 famílias que foram transferidas do Município de Dois irmãos do Buriti, para a fazenda Taquaral, onde seriam assentados nos lotes definitivos.

    O Assentamento Taquaral foi formado em 1989, com a chegada das famílias das famílias acampadas no projeto de assentamento provisório “Marcos Freire”, no município de Anastácio, logo em seguida os próprios assentados fundaram uma escola de pau a pique com professores leigos. Portanto, a história da escola Monte Azul é um exemplo clássico da luta da população do campo pela terra e pela educação que estão entrelaçadas (MOREIRA, 2005).

    Moreira (2005) relata que em 1986, 189 famílias de trabalhadores rurais sem terra da cidade de Dourados se juntaram as outras tantas que ali já estavam e formaram o acampamento perto da rodoviária da cidade. Em 1987, foram transferidas 733 famílias para a fazenda Santo Inácio no município de Anastácio. Em seguida essas famílias construíram várias salas de aulas dentro do acampamento, onde professores leigos (acampados que sabiam ler e escrever) do próprio grupo ministravam aulas tanto para crianças como para adultos. Estes professores recebiam treinamentos e capacitações dados pela Comissão Pastoral da Terra – CPT.

    Em 1989, o governo do estado juntamente com o INCRA E TERRASUL, estabeleceu outras áreas para reforma agrária, entre as quais o “Taquaral”. Após um período de negociações e ajustes jurídicos 304 famílias de Santo Inácio foram transferidas para Corumbá. Quando chegaram ao Taquaral as famílias ficaram acampadas em área provisória por dois anos até a saída dos lotes definitivos, onde se juntaram a mais 90 famílias do Município de Corumbá, totalizando um acampamento com 394 famílias (MOREIRA, 2010).

    Segundo o mesmo autor as situações de sobrevivência eram precárias, mesmo assim a comunidade acampada providenciou uma escola de pau a pique, palha e chão batido os professores leigos continuaram seu trabalho. A definição dos lotes do Assentamento Taquaral se deu em 1991, quando a área foi dividida entre as 394 famílias, que receberam as parcelas por sorteio feito pelo Incra.

    Esta primeira escola funcionou próximo da “caixa d’água”, único local onde havia água no assentamento, visto que a região do taquaral não possui corpos de água permanente.

Inicialmente a escola funcionava como “Escola Extensão São João”, vinculada à “Escola Municipal de 1º grau Pólo São Domingos”. Iniciou-se então a luta pela oportunidade de formação dos professores leigos.

    Alguns professores formaram-se no Projeto LOGOS II, do qual saiam com graduação de magistério em nível de segundo grau. Este projeto funcionava na “Escola Estadual de Pré-Escolar 1º e 2º graus Dr. João Leite de Barros”, em Corumbá, outros professores se formaram na cidade de Campo Grande no projeto de magistério de férias pela Associação de Educação Católica de MS com apoio da CPT. (MOREIRA, 2005).

    Outros professores leigos se formaram no magistério de férias, em Campo Grande, MS.  Segundo documentos da época, havia muitas crianças em idade escolar, assim foram criadas várias turmas de alunos que estudavam nas várias salas de pau a pique no acampamento Taquaral.

    Conforme constam as atas de resultados finais, havia 15 turmas que funcionavam na “escola da caixa d’água” em 1989, no ano seguinte já eram 22 turmas e 1ª a 4ª série e mais 3 turmas de 5ª série (ginásio).

    No ano de 1992 esta escola passou a se chamar “Escola Municipal Monte Azul” por escolha da comunidade. Com a mudança das famílias para seus lotes a escola foi remanejada para as três agrovilas, I, II e III, sendo uma escola por agrovila (MOREIRA, 2005).

    Nesse período não havia transporte escolar, e as crianças e professores se deslocavam do jeito que dava, a pé, a cavalo, de carroça, de bicicleta, não tinha energia elétrica, nem água potável, somente água salobra que as crianças levavam nas garrafinhas.

    Em 1995 foi iniciada a construção das escolas de alvenaria, primeiro a escola polo e depois as extensões nas agrovilas. Em 1996 passou a ter o transporte escolar que era precário, um ônibus para atender todo assentamento, com estradas precárias.

    Com o passar dos anos o número de alunos nas agrovilas I e III diminuíram e estas extensões foram fechadas. Hoje a escola funciona na agrovila II e possui Pré-escolar I e II, 1º ao 9º ano do ensino fundamental. No ano de 2010 foi construída uma quadra de esporte coberta, Todos os professores possuem curso superior nas áreas em que atuam e alguns possuem especialização ou mestrado.

    Vale ressaltar, que desde a fundação até hoje a escola Monte Azul possui na direção e coordenação, professores que participaram do movimento de luta pela terra e pela educação desde o inicio do movimento em Dourados ou Santo Inácio.

    A Escola Monte Azul é um exemplo clássico de escola do campo que surgiu dos movimentos sociais do campo para atender a necessidades educacionais de alunos de assentamento, tem sido considerada como modelo na região, que apresenta um bom trabalho junto à sua comunidade e que tem cumprido com seu objetivo educacional. Considera que a educação do campo começa com o campo em si, considerando toda sua diversidade, seus interesses, sem o propósito, no entanto, de criar uma redoma em torno da população do campo. Buscando criar políticas voltadas para os interesses do campo, onde a população rural não mais é “adestrada”, mas passa a produzir conhecimento e construir sua própria história.